O método educativo da mão nos peitos

Calminha. Antes que vocês achem que eu estou fazendo apologia ao assédio sexual ou outras coisas escabrosas, aviso que este é um post sobre educar meninos.

Sim, sim. Continuem lendo que vocês vão entender o título.

Há um pouco menos de um ano, meu filho, que hoje tem onze anos, convidou alguns amigos para o sítio onde moram meus sogros, na Serra Fluminense. O ponto de encontro era aqui em casa.

Descemos para receber os amigos e as mães e, em um determinado momento, meu filho resolve subir com o primeiro amigo que chegou. E o fofo largou a mala na calçada, enquanto eu conversava com a mãe.

Eu chamei o menino: “Fulano, e a sua mala? Vai ficar aqui?”. E ele responde, na lata: “Leva aí, mãe!”

Preciso dizer que a mãe dele, que é uma das mulheres mais educadas e doces que eu já conheci na vida, ficou sem palavras. Mortificada define.

Eu respondi, com toda a minha finesse: “O que é isso, moleque? Volta aqui e pega a sua mala!”. Aí meu filho pegou a mala e disse: “Deixa que eu levo”.

A mãe começa a se lamentar, dizendo que não sabia como o menino era assim, porque pai dele era um lorde, etc., etc. Obviamente eu a tranquilizei, porque o menino não é, em absoluto, nenhum ogro. Mas eu percebi que ela ficou bem chateada, e eu entendi muito bem o porquê. E eu disse, “amiga, quem educa os lordes somos nós”.

Antes que pareça que eu estou fazendo apologia à isenção dos pais na educação dos filhos, acredite, não há nada mais longe do que isso. Pai tem que educar tanto quanto a mãe, na mesma medida, com a mesma responsabilidade.

Mas eu acredito que nós, mães, podemos, sim, impor os limites do que é aceitável por nós, mulheres, e complementar o trabalho dos pais.

Aí é que entra o método mão nos peitos.

Desde que o Eduardo tinha uns seis anos de idade, cada vez que nós íamos passar por uma porta, por exemplo, e ele ia passando na minha frente, eu esticava o braço e bloqueava a passagem dele (daí o “mão nos peitos”!). E explicava que um homem bem educado deixa sempre que as moças, os idosos e as pessoas com dificuldade de locomoção passem na frente. Eu fazia com que ele parasse e passava.

Foram diversas ocasiões em que eu fiz isso. Lembro como se fosse hoje de uma festinha de crianças que eu fiz com que ele deixasse uma multidão passar na frente, e, depois de um tempão, ele perguntou: “mamãe, eu não vou poder passar nunca?”

Foram uns dois anos fazendo isso. Depois disso, ficou quase que automático. Ele segura portas, não passa na frente, dá a passagem para idosos. Eu só rio para ele. Ele entende meu orgulho.

O exemplo do pai também ajuda uma enormidade. Meu marido sempre carregou as bolsas, nunca deixou que eu pegasse peso, anda na beirada da calçada quando estamos a pé. E as crianças percebem as coisas, acreditem.

Eu fazia aula de Patchwork quando morava em São Paulo. No início, o Eduardo perguntava: “mamãe, quer que eu leve suas bolsas?” Eu deixava. Meses depois, ele já não perguntava: saía do carro, abria a mala, pegava a mochila dele da escola, minhas bolsas de trabalho, e eu só subia com minha bolsa a tiracolo.

Quando ele tinha sete anos, uma das mães da turma dele me contou que a filhinha dela estava com dificuldade para abrir o armário da escola. Ele pegou a chave da mão dela, abriu o armário, pôs a mochila lá dentro, trancou e entregou a chave na mãozinha dela.

Eu morro de orgulho com essas histórias, sobretudo com aquelas que eu não presenciei, e alguém vem me contar. E eu percebo que eu ensinei uma parte, falei um monte e, a partir daí, e vendo como o pai dele me trata, ele construiu uma imagem do que é ser um homem gentil e educado.

Por isso, compartilho essa minha convicção com vocês: falem em alto e em bom som o que vocês consideram que seja um comportamento desejável, mostrem, se for preciso, e ressaltem que é esta a forma adequada de tratar as pessoas, especialmente as mulheres. E esse discurso vai longe: não questionar a forma como as meninas se vestem, não falar palavrão perto delas, etc.

É claro que eu sei que meu filho não é nenhum santo; ele é uma criança, e ainda está na fase de aprender e cometer equívocos. Mas a forma como ele já consegue se comportar e se dirigir às pessoas e às mulheres (na maioria das ocasiões) tem muito a ver com o que eu afirmo que seja aceitável.

Acreditem em mim: funciona se a gente insistir.

E vocês, também têm pequenos cavalheiros em casa? Ou tá puxado? 🙂

Entrem na conversa na seção de comentários!

Beijos.

Ana Paula.

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